Women Deliver: A Aparência Elegante e a Verdade Feia

By Dra. Rebecca Oas | May 31, 2013

KUALA LUMPUR, Malásia, 31 de maio (C-FAM) Raramente os dignitários mencionaram o aborto na plataforma durante as partes que foram transmitidas internacionalmente pela internet de Women Deliver, uma conferência mundial de planejamento familiar. Entretanto, as sessões populares que não eram transmitidas pela internet apresentavam aborteiros de último trimestre, ativistas radicais descrevendo como contornar leis contrárias ao aborto e especialistas da Organização Mundial de Saúde promovendo seu manual de como fazer abortos.

Um participante perguntou por que o manual não pede mais supervisão do processo de aborto por parte de profissionais de saúde. “O aborto médico não deveria ser excessivamente usado nos meios médicos,” disse o especialista. As drogas de aborto “colocam poder diretamente nas mãos das mulheres.” A audiência de Women Deliver aplaudiu com entusiasmo.

Vários palestrantes promoveram abortos de último trimestre, que são associados com índices mais elevados de complicações. Uma ativista da América Latina se gabou de estabelecer números telefônicos de emergência para fornecer informações sobre abortos auto-induzidos em países com leis que protegem os bebês em gestação. Ela admitiu que as drogas de aborto compradas no mercado clandestino podem ser caras ou falsificadas, mas lembrou à audiência de que as mulheres podem buscar assistência pós-aborto em hospitais quando sofrem complicações.

Palestrantes também deram conselho de como contornar limites legais sobre a idade gestacional. Numa sessão dedicada a aumentar os serviços de aborto, o ginecologista nigeriano Talemoh Dah dedicou sua apresentação inteira ao aborto de último trimestre. Quando um membro da audiência pediu uma definição de “quanto tardio seria,” Dah recitou os limites legais em alguns países africanos, então disse que o “aborto nunca pode ser tarde.”

Dah avisou a audiência de que um “feto bem formado” pode levar a um escândalo nacional se for fotografado por ativistas pró-vida, e exortou os abortistas a garantir que o bebê não sobreviva ao aborto. “Algumas pessoas cuidam da sobrevivência fetal antes das expulsões [mediante métodos como] aborto de nascimento parcial, mas pode nunca ser tarde para expelir alguma gravidez.”

Bela Ganatra da Organização Mundial de Saúde promoveu sua orientação técnica atualizada sobre aborto. Seu principal enfoque foi o aborto médico e a importância de minimizar as barreiras clínicas, legais e regulatórias ao redor do acesso ao aborto. Ela não questionou nenhum dos comentários de Dah sobre aborto de último trimestre. Eles se encaixam nas recomendações da orientação técnica, inclusive o descarte de bebês abortados em esgotos ou latrinas.

Ganatra frisou a necessidade de remover todas as barreiras ao aborto, exceto as exigidas por lei, e apontou para o fato de que a orientação inclui uma seção de políticas públicas recomendando a remoção ou redução de restrições legais existentes. Ela acrescentou que a orientação não diz o que os governos devem fazer, mas fornece “evidência e argumentos com base em direitos.”

LeRoy Carhart, aborteiro de último trimestre, foi destaque em outra sessão, usando um broche se proclamando um defensor dos direitos humanos. Carhart acusou o movimento pró-vida de persegui-lo, atormentar e intimidar atuais e potenciais fornecedores de aborto, e de criarem barreiras absurdas para o acesso das mulheres ao aborto.

Carhart concluiu, “os fornecedores de abortos não matam crianças.”

Durante o período de perguntas, Wendy Wright do C-FAM perguntou: “Quem defende as mulheres que foram abusadas pelos fornecedores de aborto? Os grupos feministas ficam em silêncio, e as diretorias médicas varrem os abusos para debaixo do tapete.”

Carhart, que recentemente recebeu atenção dos meios de comunicação depois da morte de uma de suas pacientes de aborto de último trimestre, não quis responder. “Não acho que isso mereça uma resposta,” resmungou ele.