As Soluções das Mulheres Africanas para Fazer Colisão de Guerra com a Agenda das Feministas

By Rebecca Oas, Ph.D.

NOVA IORQUE, EUA, 6 de (C-Fam) Quando o Conselho de Segurança da ONU adotou sua resolução mais recente sobre o papel das mulheres na construção da paz e segurança internacional no mês passado, uma colisão conhecida de opiniões veio à tona — entre as mulheres. Em particular, as feministas que estão avançando as políticas internacionais estão do lado oposto das mulheres que vivem as realidades de regiões envolvidas em guerra.

Num painel realizado por Liechtenstein, uma feminista bem relacionada mostrou preocupação que o emergente movimento pró-família na ONU poderá entrar em conflito com suas expectativas para a agenda de Mulheres, Paz e Segurança (MPS). Enquanto isso, outro membro do painel, da Nigéria, fortemente exortou a audiência a lembrar os contextos culturais dentro dos países, chamando as tentativas de impor mudança cultural como parte da construção da paz como “não sustentáveis.”

“Neste exato momento, as feministas estão avançando em todos os lugares de poder,” disse a professora Anne Marie Goetz, que trabalhou na ONU Mulheres. Contudo, ela disse, um panorama geopolítico em mudança e o crescimento do extremismo violento têm resultado na “reconsolidação de valores conservadores um tanto extremistas.” Ela citou o “Grupo de Amigos da Família,” recentemente formado na ONU, descrevendo-o como sendo “sobre reafirmar uma visão heteronormativa tradicional romântica um tanto rígida da família.”

Goetz havia expressado preocupações semelhantes — que o ativismo da MPS estava focando demais em segurança e não o suficiente em “atacar o patriarcado” — numa conferência no ano passado, em que ela também confessou que os documentos da MPS não mencionam o aborto, embora ela insista em que a “intenção” e “compreensão” estavam incluídas.

Goetz repetidamente frisou a importância de aumentar o financiamento de organizações feministas internacionais, não só para projetos específicos, mas porque elas “precisam de acesso a organizações internacionais e o estabelecimento de política externa.” Em outra parte, Goetz descreveu o aborto como particularmente subfinanciado, devido à sua natureza polêmica.

Os outros membros do painel dela apresentaram uma opinião muito diferente. Joy Onyesoh, presidente da Liga Internacional de Mulheres pela Paz e Liberdade, falou de mulheres na Nigéria treinando suas colegas da comunidade em construção da paz e prevenção de conflitos em nível local. Ela falou de como as mulheres se organizaram para impedir a violência durante a eleição mais recente na Nigéria, permitindo que mais pessoas, e mulheres em particular, participassem de modo seguro do processo político.

Ela também descreveu como as mulheres no norte da Nigéria, deparando-se com ameaças do Boko Haram, organizaram redes de comunicação para enviar alertas entre comunidades sobre perigo potencial, sem nenhum apoio do governo. “Não é realmente sobre financiamento,” disse Onyesoh, “porque para elas, é uma questão de sobrevivência.”

Durante a parte do debate do painel, Onyesoh descreveu as mulheres nigerianas usando “seus papéis tradicionais como mães, como profissionais de saúde, para falar com seus filhos e seus maridos,” exortando-os a não se juntarem a grupos militantes. “Temos nossos próprios jeitos tradicionais de fazerem nossos homens permanecerem em casa, se quisermos que eles permaneçam em casa.”

Goetz confessou que com a exceção do que Onyesoh disse, “é muito difícil encontrar bons exemplos de como envolver as mulheres no enfrentamento do extremismo violento” sem apoios externos visíveis que colocariam as mulheres em risco. No entanto, ela expressou receios sobre o fato de que essas iniciativas dependiam de “um papel muito essencialista, um papel tradicional” das mulheres como esposas e mães.”

Onyesoh finalizou seus comentários com uma súplica forte para a comunidade internacional para que não façam suposições sobre o que as mulheres no próprio local realmente precisam e querem. Ela alertou contra intervenções que seriam insustentáveis, e acabariam isolando pacifistas de suas próprias comunidades.

“Temos de perguntar a nós mesmas: Essa definição de desenvolvimento é de quem? Essa definição de concessão de direitos é de quem?” ela disse. Se a concessão de direitos cria muita reação adversa, e às vezes as mulheres são mortas, não está concedendo nenhum direito.”

Tradução: Julio Severo