Bispos Africanos em Reunião no Vaticano Desconfiados de Radicais Sexuais do Ocidente

By Austin Ruse | October 18, 2014

VATICANO, 17 de outubro (C-Fam) Num Sínodo Extraordinário de bispos católicos que está ocorrendo em Roma pelo menos um bispo africano se queixou da intervenção de costumes sexuais radicais que o Ocidente está impondo na África.

Ignatius Kaigama, arcebispo da Nigéria, disse à assembleia:

“Defrontamo-nos com algumas questões, e às vezes são de deixar qualquer um perplexo. Recentemente, tivemos uma grande conferência sobre questões pró-vida, e nessa conferência, nos manifestamos com muita clareza para determinar o fato de que a vida é sagrada, o casamento é sagrado e a família tem dignidade.

“Há organizações internacionais, países e grupos que gostam de nos seduzir para nos desviar de nossas práticas culturais, tradições e até nossas convicções religiosas. E a razão é que eles creem que as opiniões deles deveriam ser nossas opiniões. Que as opiniões e conceito de vida deles deveriam ser nossos.

“Dizemos, ‘Não, atingimos a maioridade.’”

Embora as preocupações do arcebispo não tenham chance de ser incorporadas ao documento final, elas apontam uma das discordâncias centrais não só entre países ocidentais e a África, mas também um cisma semelhante na Igreja Católica.

O documento produzido pelo sínodo que foi divulgado nesta segunda-feira passada estava cheio de preocupações de ocidentais liberais e não muitas preocupações semelhantes dos países em desenvolvimento que compõem a maioria da Igreja Católica.

Esperava-se que o documento divulgado na segunda-feira representasse a conversação entre 180 bispos do mundo inteiro e que seria uma versão preliminar para negociações em andamento. Imediatamente 41 bispos, quase um quarto do total se levantou para se queixar que o documento não representava seus desejos ou as conversações que ocorreram na semana passada.

O documento sugere que existem dons que foram dados aos homossexuais que podem beneficiar a Igreja, que a Igreja precisa reconhecer o que é bom nos relacionamentos homossexuais, e também o que é bom em casais que vivem juntos sem se casar. O documento também sugere que os divorciados e os recasados no civil podem receber o sacramento da comunhão.

O documento foi lido aos bispos na segunda-feira logo antes de ser divulgado à imprensa do Vaticano e imediatamente 41 bispos formalmente se queixaram, inclusive tais prelados influentes como o cardeal Raymond Burke do supremo tribunal do Vaticano, o cardeal Timothy Dolan de Nova Iorque, o cardeal George Pell da Austrália, junto com o cardeal Gerhard Muller que dirige a Congregação da Doutrina da Fé, um dos cargos mais poderosos do Vaticano.

No dia depois que foi divulgado no informe oficial diário do Vaticano à imprensa, o cardeal Wilfred Napier da África do Sul disse que o documento não refletia a conversação dos pais do sínodo e que seria mudado em dias subsequentes.

Ele ficou tão alarmado que o cardeal Burke pediu a intervenção direta do Papa Francisco, que disse ter comparecido a todas as reuniões da semana passada, mas apenas sentado e ouvindo.

O documento foi entregue a grupos menores de bispos reunidos em grupos de linguagem e será revisado e apresentado de novo no final desta semana.

Não importa o que, é improvável que as preocupações dos 36 prelados africanos sejam incluídas. Dizem que a poderosa conferência dos bispos alemães é o grupo mais influente no sínodo. A igreja alemã está entre as mais ricas do mundo porque o sustento da Igreja Católica vem dos impostos diretos de todos os cidadãos.

Tradução: Julio Severo