Carta de “Mudança Climática” do Papa Citada na ONU, Sua Condenação do Aborto Ignorada
NOVA IORQUE, EUA, 28 de junho (C-Fam) A nova encíclica do Papa Francisco sobre o meio-ambiente fez um impacto nas negociações da ONU nesta semana. Mas na correria para frisar suas informações sobre mudança climática, a condenação vigorosa que ele fez do aborto e do controle populacional permanece negligenciada.
Nas negociações desta semana sobre desenvolvimento sustentável na Assembleia Geral, María Emma Mejía Vélez, embaixadora da Colômbia, disse que a encíclica do papa sobre “mudança climática” era relevante para a agenda de desenvolvimento da ONU.
A nova encíclica papal sobre o meio-ambiente, “Laudato Si,” tem sido descrita como um “golpe pesado” para os que frisam as causas humanas da mudança climática. Deu o apoio moral do Papa Francisco, e 1 bilhão de católicos guiados por ele, aos planos do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon para um acordo obrigatório global de mudança climática em dezembro.
O embaixador Macharia Kamau do Quênia, que está conduzindo as negociações, invocou a encíclica durante um debate sobre a noção de “fronteiras planetárias,” uma frase muitas vezes usada por Jeffrey Sachs que expressa o temor de que a terra não terá recursos suficientes para sustentar a população do mundo.
“‘Fronteiras planetárias’ é preocupante para pessoas que não leram a encíclica… Não, só estou brincando,” Kamau disse sorrindo, sugerindo que a antiga oposição da Igreja a ideologias que veem os seres humanos como parasitas havia sido abandonada pelo Papa Francisco.
Aliás, a carta papal condena o aborto e o controle populacional, bem como as ideologias que os promovem como meio de reduzir o excesso populacional frente às “fronteiras planetárias” da terra.
O papa repreende os que oferecem justificativas fáceis para o aborto e pede que os cristãos apresentem argumentos contra essas ideologias.
“Já que tudo é inter-relacionado,” ele escreve, “a preocupação com a proteção da natureza é também incompatível com a justificativa do aborto. Como é que podemos genuinamente ensinar a importância da preocupação por outros seres vulneráveis, por mais incômodos ou inconvenientes que sejam, se não conseguimos proteger um embrião humano, até mesmo quando sua presença é incômoda e cria dificuldades?”
O papa denuncia até formas sutis de controle populacional sob o pretexto de assistência de desenvolvimento.
“Em vez de resolver os problemas dos pobres e pensar em maneiras como o mundo pode ser diferente,” ele escreve, “alguns só conseguem propor uma redução na taxa de natalidade. Às vezes, os países em desenvolvimento enfrentam formas de pressão internacional que tornam a assistência econômica dependente de certas políticas de ‘saúde reprodutiva.’”
Algumas das mensagens teológicas mais fortes na encíclica incluem preocupações com o embrião humano, inclusive descrevendo o aborto como um “sinal impressionante de uma desconsideração pela mensagem contida nas estruturas da própria natureza.”
E o papa critica os ambientalistas que querem limites na ciência no que se refere ao meio-ambiente e animais, mas rejeitam fazer a mesma coisa com a vida humana.
“Esquecemos que o valor inalienável de um ser humano transcende seu grau de desenvolvimento,” ele escreveu.
O cardeal Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho para Justiça e Paz fará uma apresentação sobre a encíclica na sede da ONU na próxima semana. Talvez ele ajudará a focar na preocupação dos papas por mais de 50 milhões de vítimas do aborto a cada ano.
As Metas de Desenvolvimento Sustentável serão finalizadas em julho e serão adotadas em torno da época em que o Papa Francisco visitar a ONU em setembro. As metas decidirão como bilhões de dólares em ajuda de desenvolvimento serão usados nos próximos 15 anos. No momento, organizações que fornecem e promovem o aborto estão prontas para se beneficiar de modo considerável das novas metas de desenvolvimento.
Tradução: Julio Severo
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