Chefe de Direitos Humanos da ONU é Castigado por Negar Direitos aos Bebês com Deficiência

By Wendy Wright | February 20, 2016

NOVA YORK, 19 de fevereiro (C-Fam) Diplomatas reprovaram o chefe de direitos humanos da ONU esta semana por exigir que países reajam sobre o vírus Zika, legalizando o assassinato de fetos com deficiência.

“Rejeitamos o convite ao aborto, especialmente dirigido a países em desenvolvimento”, disse Nicarágua em uma fala sobre o Zika. “Não podemos permitir que esta epidemia sirva para manipular e forçar os países” a “mudarem leis sobre o direito à vida.”

O apelo do comissário de Direitos Humanos para liberar as leis sobre o aborto é uma “resposta ilegítima”, afirmou Santa Sé. Crianças com deficiência de nascimento “merecem ser protegidas e cuidadas ao longo de suas vidas, já que é parte da nossa obrigação proteger toda vida humana, saudáveis e deficientes, com o mesmo empenho.”

No início de fevereiro, o Comissário Zeid Ra’ad Al Hussein criticou aqueles “países afetados pelo Zika que têm leis restritivas regulando os direitos reprodutivos das mulheres.”

Nos países onde “os serviços de saúde sexual e reprodutiva são criminalizados, ou simplesmente indisponíveis, os esforços para freiar a crise não serão promovidos colocando o foco em aconselhar as mulheres e meninas não engravidarem”, disse Zeid.

Uma porta-voz da ONU foi mais direta. Cecile Pouilly disse que Zeid estava dizendo para os governos revogarem as leis pró-vida. “Como podem não oferecer [às mulheres] a possibilidade de interromper a gravidez se elas assim desejarem?”, disse Pouilly. “As mulheres devem poder fazer um aborto, se quiserem.”

O Zika vírus chamou a atenção do mundo todo no ano passado, quando um surto de bebês nasceu com microcefalia em uma região do Brasil que também experimentava um surto de Zika.

Autoridades observam que não há uma relação comprovada entre o Zika, que causa sintomas semelhantes aos da gripe durante 3 e 7 dias, e microcefalia, uma malformação congênita em uma cabeça pequena e um possível atraso mental.

Sem muita prudência, cinco países aconselharam que as mulheres evitem ou adiem a gravidez por até dois anos. A contracepção é legal e acessível na América Latina, que tem o número mais alto de uso de contraceptivos do mundo em desenvolvimento, enquanto o aborto é ilegal na maioria destes países.

Os brasileiros defensores do aborto que obtiveram sucesso no processo de permitir o aborto de bebês anencefálicos no país pretendem mover uma ação judicial para expandir o aborto para bebês com microcefalia. “Os temores sobre o vírus Zika estão nos dando uma rara abertura para contestar os fundamentalistas religiosos”, disse Silvia Camurça, diretora da SOS Corpo.

Na ONU, a Santa Sé comentou sobre uma jornalista brasileira com microcefalia. Ana Carolina Caceres escreveu um livro sobre sua vida, e define o aconselhamento e o tratamento como os pontos mais importantes.

“No dia em que nasci, o médico disse que eu não tinha chance de sobrevivência”, contou Ana à BBC. “Ela não vai andar, ela não vai falar e, com o tempo, ela vai entrar em um estado vegetativo até sua morte”, disse ela.

“Mas ele – como muitos outros – estava enganado”, disse ela. “As pessoas precisam colocar seus preconceitos de lado e aprender sobre esta síndrome.¨

A microcefalia severa não pode ser detectada até 24 semanas, quando “a criança já está muito formada, e os pais são conscientes disto”, disse a Dra. Lenise Garcia, professora de biologia “Fazer um aborto gera uma culpa que permanece com a mulher para o resto da sua vida.”

“Só porque ele é diferente daquelas que são consideradas crianças normais não significa que ele não deveria ter nascido”, disse Andressa Cristina dos Santos Cavagna, mãe de uma criança de 3 anos de idade, com microcefalia severa. “As pessoas que dizem isto não têm amor em seus corações.”