Prioridades do Banco Mundial para salvar mães e recém-nascidos estão construídas sobre falsas premissas

By Rebecca Oas, Ph.D.

NOVA YORK, 06 de maio (C-Fam) Depois de décadas de investimento em controle de natalidade como um caminho para alcançar o desenvolvimento econômico, o Banco Mundial ainda acha mais fácil aumentar o uso de contraceptivos em um modelo de computador do que na vida real. As mulheres de hoje rejeitam o planejamento familiar “moderno” forçado pelo Banco Mundial, porque possuem um alto nível de conhecimento sobre seus usos e efeitos colaterais. No entanto, como um novo estudo mostra, o Banco Mundial continua firmando investimentos de bilhões de dólares em medidas falhas em torno de termos como “gravidez indesejada” e “necessidade não atendida” de contracepção, o que significa que mais dinheiro irá para a contracepção e menos à assistência de socorro para a saúde materna e infantil.

No volume da Reproductive, Maternal, Newborn, and Child Health sobre Prioridades de Controle de Doenças do Banco Mundial, os autores calculam o número de vidas que poderiam ser salvas ajudando mulheres grávidas, recém-nascidos e crianças pequenas. Em um cálculo separado, eles consideram apenas os efeitos da elevação do nível do uso de contraceptivos e a redução de quase 28 milhões de nascimentos ao redor do mundo, com todos os riscos para a saúde da mãe e do filho.

Mas os cálculos deles dependem muito da questionável medida da “necessidade não atendida” para o planejamento familiar, e assumem que seria possível “encontrar” 90% desta “necessidade” simplesmente fornecendo acesso aos produtos e serviços de contracepção. No entanto, menos de um décimo das mulheres com perfil de “necessidade não atendida” citam a falta de acesso a contraceptivos como a razão pela qual não estão usando o planejamento familiar. Embora o acesso aos contraceptivos, bem como o conhecimento sobre eles, têm aumentado em todo o mundo, as razões subjacentes mais comuns para a “necessidade não atendida” incluem preocupações sobre efeitos colaterais e oposição pessoal, muitas vezes por razões religiosas.

Um capítulo se dedica a discutir o custo-benefício, e diz que “programas de planejamento familiar geram altos retornos, especialmente em países com altas taxas de fertilidade”. Estes benefícios previstos são calculados com base em estimativas demográficas: menos gravidezes significam menos mortes de mulheres e bebês, já que as taxas de mortalidade materna e neonatal permanecem as mesmas.

Quando a divisão de ajuda externa dos Estados Unidos fez uma projeção semelhante, se referia as crianças cujas mortes na infância poderiam ter sido evitadas, prevenindo suas concepções, como “vidas de crianças salvas do impacto demográfico.” Embora a publicação do Banco Mundial tenha se referido a eles como “mortes evitadas”, já não usa mais o termo “vidas que foram salvas”.

O Banco Mundial também coloca uma alta prioridade a prevenção de “gravidezes indesejadas”, mas admite que não há um consenso sobre como isto deve ser medido. Além disto, os métodos mais frequentemente utilizados são muito debilitados pela tendência dos pais de “racionalizarem” após o fato por causa da “compreensível relutância das mães para relatarem as crianças como indesejadas ou inoportunas”.

O Banco Mundial também descobriu “dados insuficientes para indicar se gravidezes indesejadas levadas adiante apresentam desvantagens em relação a saúde ou educação, em comparação com nascimentos previstos”. Além disso, ao apresentar os benefícios da prevenção de gravidezes “não intencionais”, a publicação não diz, em nenhum momento, que uma gravidez indesejada significa uma gravidez ou um nascimento de maior risco do que uma gravidez planejada.

O uso contínuo destas medidas pelo Banco Mundial servirá como uma justificativa para o financiamento que serve aos interesses dos grupos de planejamento familiar. Serão deixadas de lado aquelas mulheres que não possuem a intenção de usar contraceptivos, mães que aceitam sua prole inesperada e bebês hipotéticos cujas vidas foram “salvas” ao serem impedidas.