Relatório da ONU sobre População Prevê Rápido Envelhecimento Mundial

By Susan Yoshihara, Ph.D. | August 15, 2015

NOVA IORQUE, EUA, 14 de agosto (C-Fam) Os números demográficos mais recentes da ONU já foram publicados e mostram rápido crescimento mundial, e uma desaceleração forte no crescimento populacional que poderá levar à estabilização ou até mesmo queda de números antes do final do século.

A população mundial está crescendo com mais lentidão do que qualquer outro tempo desde que a ONU começou a coletar dados, caindo de um aumento de 1,24% 10 anos atrás para 1,18% neste ano. Essa tendência é mundial, inclusive uma diminuição forte na África.

Onde a população reprodutiva é pequena, tal como na Europa, haverá pouco ou nenhum crescimento. A expectativa é que nenhum país europeu reganhará uma taxa de fertilidade elevada o suficiente para substituir suas populações que estão diminuindo. Mundialmente, 83 países mostraram fertilidade abaixo do nível de substituição durante 2010-2015. Em 25 desses países, a fertilidade estava “muito baixa,” abaixo de 1,5 crianças por mulher.

Em 2050, 48 países verão suas populações encolherem. Metade do crescimento do mundo em 2050 virá de apenas 9 países: Índia, Nigéria, Paquistão, República Democrática do Congo, Etiópia, Tanzânia, EUA, Indonésia e Uganda.

Em particular, a população está crescendo porque as pessoas estão vivendo mais. O aumento mais elevado em longevidade tem sido na África, acrescentando 6 anos de duração média de vida durante os últimos anos. Mundialmente, o aumento tem sido três anos. Mas crianças estão sobrevivendo até seu quinto aniversário. A queda maior em mortalidade infantil veio da África.

Vidas mais longas e taxas de fertilidade em queda trazem rápido envelhecimento mundial. Em 2050, todas as maiores regiões do mundo, exceto a África, terão aproximadamente um quarto ou mais de suas populações com 60 anos de idade ou mais.

“Países com um índice relativamente elevado de populações trabalhadoras em relação a populações dependentes têm a possibilidade de se beneficiar de um ‘dividendo demográfico,’ contanto que as políticas apropriadas de mercado de trabalho e outras políticas permitam uma absorção produtiva da população trabalhadora crescente e investimentos maiores no capital humano de crianças e jovens,” o relatório aconselha.

Average annual rate of population change

Países africanos estão em vantagem com quase 13 trabalhadores para sustentar cada indivíduo dependente com idade de 64 anos ou mais velhos. Em comparação, países asiáticos têm 8, a América Latina e o Caribe 7,6, a Oceania 4,8, a Europa e a América do Norte menos de 4 e o Japão menos de 2,1 trabalhadores por aposentado. Numa disparidade aparente dos dados, o relatório insere um aviso aos africanos de que seus tamanhos de família relativamente grandes dificultará a “erradicação da pobreza e desigualdade, o combate à fome e desnutrição, a expansão da educação e matrícula e sistemas de saúde” e a implementação da “agenda de desenvolvimento sustentável” e então pede mais “saúde reprodutiva e planejamento familiar.”

Na China, onde quatro décadas de planejamento familiar levaram a um elevado declínio da fertilidade, a população em idade de trabalho começou a se contrair cinco anos atrás. O relatório da ONU mostra a Índia ultrapassando a China em população em 2022, 6 anos mais cedo do que seus últimos cálculos demográficos de 2013. Gordon Chang, especialista de política externa, disse que embora Beijing tenha “já embolsado” seu dividendo demográfico, o perfil demográfico da Índia está “mais perto do perfeito” e que o desafio de Nova Déli é “acelerar os passos do caminho de seu povo ambicioso, talentoso e inquieto, removendo as barreiras legais, institucionais, burocráticas e sociais.”

Os demógrafos têm criticado a metodologia do relatório porque suas projeções não explicam as circunstâncias específicas de cada país e presume “convergência” de fertilidade.

Por exemplo, o Japão tem uma fertilidade de 1,3 filhos por mulher, mas a ONU estima que aumentará para 1,81 em 2050, alcançando o mesmo índice da Jamaica e Botsuana, sem explicar como essa virada sem precedente poderá ocorrer. Projeta que a população mundial alcançará 8,5 bilhões em 2030, 9,7 bilhões em 2050 e 11,2 bilhões em 2100. Diz que há uma chance de 23 por cento de que a população se estabilizará ou começará a cair antes de 2100.

Tradução: Julio Severo