C-FAM Exclusivo: UNICEF Nega Introduzir Controle da Natalidade em Vacinas de Tétano
NOVA IORQUE, EUA, 14 de novembro (C-Fam) Numa entrevista exclusiva ao Friday Fax do C-Fam, o UNICEF nega alegações dos bispos católicos do Quênia de que uma campanha de vacina de tétano em seu país patrocinada pelo UNICEF e OMS seja uma campanha oculta de controle populacional.
As agências da ONU emitiram uma declaração conjunta nesta semana em que acusam bispos quenianos de espalhar “desinformações” e fazer graves alegações “sem o apoio de evidência.”
Os bispos do Quênia estão fazendo campanha contra uma campanha especial de vacinação do tétano de recém-nascidos para mulheres em idade reprodutiva patrocinada pelas agências, chamando-a de uma “campanha disfarçada de controle populacional,” e exortando os quenianos a usar somente os tratamentos rotineiros contra o tétano que são amplamente acessíveis.
De acordo com os bispos, quatro testes separados de laboratórios da vacina real constataram que continha o hormônio (Beta-hCG) que impede a implantação, possivelmente levando a múltiplos abortos espontâneos e até infertilidade. Os bispos dizem que sentiram que precisam avisar o público quando o governo deixou de acatar.
James Elder, representante do UNICEF na África, disse ao Friday Fax numa entrevista exclusiva que apenas mulheres em idade reprodutiva foram o alvo da campanha porque a campanha visava proteger recém-nascidos e suas mães em regiões remotas em que nascimentos ocorrem em “condições sem higiene.” A proteção para os recém-nascidos, ele garantiu, dura poucas semanas após o nascimento. [As perguntas e respostas do UNICEF estão agora postadas aqui.]
Elder também explicou que o sistema de imunização do tétano no país visa proteger os recém-nascidos, que representam a maioria dos novos casos de tétanos no Quênia, e é dirigido a mulheres em áreas rurais com acesso inadequado a clínicas médicas. Envolve 3 doses de injeções anti-tétano, garantido proteção por 5 anos. Ele também explicou que o Quênia recomenda cinco doses de injeções de tétano para homens e mulheres, a fim de garantir imunidade a vida inteira, em contraposição à cobertura normal de 5 a dez anos com uma única injeção.
O UNICEF e a OMS disseram que “tomaram nota” dos testes conduzidos pela Associação de Médicos Católicos do Quênia citada pelos bispos, e sugeriram que não foram conduzidos em laboratórios “adequados” e não testaram a vacina real, mas amostras de sangue. As agências da ONU estavam inflexíveis que a Autoridade Regulatória Nacional do Quênia tinha o mandato de decidir a qualidade, a segurança e a eficácia da vacina.
Mas Elder não endossou nenhuma fé nos testes do governo. Se amostras reais tivessem sido testadas, ele disse, “não existe laboratório no Quênia com a capacidade de testar amostras não-humanas do hCG,” isto é, a vacina real.
Duas doses da vacina já foram administradas para aproximadamente 130 milhões de mulheres no mundo inteiro, as agências da ONU disseram. O UNICEF comprou a vacina do Instituto Serum da Índia, que goza a designação especial da OMS de “fabricante pré-qualificado” e se gaba de que de cada duas crianças imunizadas no mundo, uma recebe uma de suas vacinas.
Embora a OMS tenha conduzido os testes da fase inicial do hCG como parte de pesquisas de vacinas de regulação da fertilidade, esses experimentos foram abandonados pela OMS, de acordo com um consultor de longa data da OMS, e ex-diretor de pesquisa da OMS em reprodução humana, o Dr. Giuseppe Benagiano, também um frequente consultor para o trabalho do C-Fam. Ele acrescenta que a OMS não testa nada secretamente.
Benagiano, deão da faculdade de ginecologia e obstetrícia da Universidade de Roma e ex-presidente da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, disse ao C-Fam que “vacinas de controle de natalidade não existem,” e que pesquisa nessa área tem falhado constantemente. Ainda que fizessem, disse ele, seria impossível misturar a vacina do tétano com um inibidor hCG por “razões técnicas.”
Benagiano disse: “Estou absolutamente, 100%, seguro de que não há nada de perigoso acerca das vacinações no Quênia.” Ele sugeriu que os bispos do Quênia “precisam ser tranquilizados de que nenhuma vacina de controle de natalidade foi misturada na vacina anti-tétano.”
O Dr. Robert Walley de MaterCare International, de uma entidade católica de caridade de ajuda médica maternal que trabalha na África, falou com o C-Fam na quinta-feira e disse que não estava tranquilizado com a declaração da OMS e do UNICEF, ainda que ele reconhecesse que não houve tal coisa como uma vacina misturada de tétano e hCG.
Walley esteve no Quênia nas semanas passadas e disse ao C-Fam que os testes conduzidos pelos médicos quenianos mostraram um nível “elevado” de hCG. Ele não disse isso como evidência incontestável, mas justificou os bispos que estão fazendo tudo o que puderam para avisar os quenianos.
“Alguém parece ter sido tendencioso,” ele disse.
Ele também disse que o envolvimento do governo na campanha de vacina foi passivo até chegarem as alegações os bispos. Agora o governo está ameaçando os médicos que colaboram com a investigação.
Walley está a caminho do Reino Unido para conduzir mais testes na vacina, para ver se os resultados são reproduzidos. “Todos estão negando tudo e acusando todos,” ele disse, “queremos ser cuidadosos.”
Não é a primeira vez que uma campanha conduzida pela ONU ou por um governo tenha sido acusada de esterilizar mulheres sem seu consentimento. Acusações semelhantes de uma vacina de tétano envolvendo a OMS foram feitas nas Filipinas e Peru na década de 1990. Ambos os casos acabaram levando a procedimentos legais inconclusivos. Cada vez que isso acontece, a confiança do público nas instituições internacionais é abalada até as bases.
Tradução: Julio Severo
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